segunda-feira, setembro 12, 2005

Há dias...

...assim. Em que acordo e penso ainda estar a dormir. Mas estou acordado. O pesadelo é real.
Hoje, como todos os dias, acordei com o insuportável despertador, capaz de acordar a vizinha do terceiro esquerdo do caixote ao lado. Vou à procura dele, cálo-o com um carinho musculado, rebolo para o outro lado, na esperança de que seja apenas um pesadelo. Durmo os mais preciosos cinco minutos da noite que termina e logo o desgraçado começa, de novo, a grunhir. Insuportável. Leva mais um murro e cala-se, enquando vou tacteando para alcançar o comando do televisor que ligo na SicN. Sempre.
Sem estar na posse de todas as minhas faculdades psíquicas, nem lá perto, ouço, como que em eco, qualquer coisa como «...portugueses salvam Algarve...». Não percebi. Não me esforcei. «Ok. Se está salvo, escuso de me preocupar», "penso". Rebolo para o outro lado e dormito outros belíssimos três minutos, para depois, em tempo record, escovar os dentes, tomar duche, vestir, sair de casa a correr, comprar os jornais habituais e chagar ao trabalho "a horas". Acordo.
No carro, sei que vou a "ouvir" a TSF, porque, quando ele me leva a almoçar é o posto sintonizado. Alto.
Pico o ponto, ligo o PC, entro no programa de RSS e chega qualquer coisa, como: "Portugueses 'salvam' Algarve. Taxa de ocupação em Agosto atingiu quase 100 por cento" e isto: "Hotelaria: portugueses decisivos para bom ano da região. Algarve supera a crise no Turismo". Logo depois, leio outra notícia. Diferente. Dizia: "Sobreendividamento aumenta" e acrescentava: "Desemprego e crédito instantâneo contribuem para situações-limite. Com o aumento do desemprego, os portugueses recorrem cada vez mais aos créditos instantâneos por telefone. De acordo com o Jornal de Notícias, é cada vez mais elevado o número de pessoas em situações complicadas devido aos pesados encargos com este tipo de financiamento".
As duas novas, diziam respeito ao mesmo país. O nosso. Aí, pensei: «deixa-me aproveitar mais um bocadinho, que, não tarda, o filho da mãe do despertador toca outra vez».
Belisquei-me. Doeu. Ainda tenho a nódoa negra.